É isso mesmo! Em muitas partes do país a água é “dura”. Mas isso não está relacionado à consistência, e sim à quantidade de minerais que ela possui. Por ser uma região montanhosa, sua água tem altas concentrações de cálcio e magnésio. Isso, principalmente, ao norte e centro do país, o que inclui a cidade de Santiago. Quanto mais ao sul do Chile, melhor a qualidade da água. Na Patagônia, por exemplo, é considerada uma das mais puras do mundo.
Se você vem morar ou passear por aqui, é bom saber um pouco sobre a água dura, seus efeitos e como driblar os seus inconvenientes.
Leia também o post: 10 coisas que você, provavelmente, não sabe sobre o Chile.
Posso beber água da torneira no Chile?
Mesmo sendo uma água pesada é considerada potável. Apesar de os órgãos sanitários locais defenderem que a água “dura” não causa danos à saúde, há muita discussão acerca do assunto. Há informações na mídia de que seu consumo pode causar, entre outras coisas, dores de estômago e diarreia a quem não está acostumado a esse nível de mineralização. Por outro lado, há também informações de que a água com essa característica pode até ser benéfica.
Quando vim ao Chile a turismo bebi a água “dura”, sem nem saber, e não tive qualquer problema. No entanto, quando viemos morar aqui, depois de alguns dias consumindo a água diretamente da torneira, para beber e cozinhar, sentimos algum desconforto. Não há como comprovar se foi por consequência da água, mas mudamos alguns hábitos.
Passamos a beber água de galão e a utilizar um filtro de carvão ativado, daqueles que encaixam diretamente na torneira.

Esses filtros conseguem retirar parte dos minerais da água. Então, agora cozinhamos usando a água filtrada da torneira.
A água mineral engarrafada
Muitas pessoas sentem um sabor diferente na água engarrafada do Chile. Uma das marcas que mais se assemelha à água do Brasil é a Benedictino, da Coca Cola. E a água Pure Life da Nestlé também é ótima.

Dica: traga uma garrafinha térmica. Compre o maior galão de água possível e vá repondo em seu frasco. Dessa forma, será muito mais econômico (a água aqui é cara) e menos agressivo ao meio ambiente. Lembro que, no Chile, há diversos “puntos limpios” em ruas e shoppings, para o descarte correto de materiais recicláveis.
E os efeitos da água “dura” no banho?
Infelizmente, o banho resseca bastante a pele e o cabelo. Se no Brasil eu só usava shampoo para cabelo normal, em Santiago, minhas madeixas só melhoram com shampoo para cabelos ressecados. E prefiro usar os que compro aqui, pois os que havia trazido do Brasil, nem espuma faziam. A recomendação é que se tome banhos curtos, não muito quentes (no inverno não é fácil não!) e dá-lhe hidratante.
Impactos na roupa e na louça
Assim como a pele, as roupas podem ficar ressecadas ao lavar. As escuras, às vezes, também ficam com algumas manchas esbranquiçadas. O amaciante reduz ou elimina esse efeito.
Mas, o inconveniente na louça, para mim, é o pior. O esquema é: lavou, secou. Caso contrário, as gotas de água secam e cristalizam formando um resíduo branco, que aqui é chamado de “sarro”. Dependendo do material, passando um pano as manchas saem (teflon), mas o vidro, por exemplo, fica áspero e marcado. Nossas taças e copos começaram a ficar horríveis, parecendo louça velha.

Costumo usar vinagre de maçã para retirar esses resíduos. Não sai completamente, mas melhora bastante!
Os recipientes onde fervemos água ficam esbranquiçados.

No fim, o mais prático tem sido usar a lava-louças, que as deixa brilhantes e, além de tudo, economiza água. Mas, tem um segredinho que foi pura novidade para mim.
Os modelos daqui têm um compartimento extra para colocar sal “antissarro” (parece sal grosso de churrasco).

O produto reduz os efeitos dos minerais e, além disso, evita danos nos componentes da máquina. Sem ele a vida útil do eletrodoméstico cai drasticamente. Existem diversas marcas nos supermercados.

A água do Chile é “dura” até no bolso
Se na discussão sobre os impactos da água “dura” na saúde, as opiniões diferem, na questão de sua ação em encanamentos e eletrodomésticos, são unânimes. O resíduo que vai se acumulando prejudica o funcionamento dos equipamentos, que precisam de manutenções ou trocas mais frequentes, gerando um investimento maior.
O que pode ser feito nas residências é a instalação de um sistema para “suavizar” a água. Grosso modo, é um tanque de sal pelo qual ela passa antes de entrar em qualquer encanamento da residência, deixando grande parte de seus minerais. Esse sal (que é o mesmo usado na máquina de lavar louças, só que em uma quantidade muito maior), precisa ser substituído com certa frequência. No caso de edifícios não sei se funciona da mesma forma.
Aparentemente é uma ótima solução. No entanto, a instalação desse sistema não é barata.
(atualizado em 13.08.19)
Por isso minha pele ficou muito ressecada durante a minha estada em Santiago.
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