A natureza abundante do Parque Nacional Torres del Paine é de deixar boquiaberto qualquer ser humano que se aproxime. É diversa e selvagem, revelando lagos e rios de diferentes cores, cachoeiras, icebergs, bosques, pampas, uma fauna riquíssima e, claro, seu atrativo grandioso: o maciço pontiagudo formado ao longo das eras glaciais. Uma imensidão difícil de retratar em fotos. Não à toa, o lugar chegou a ser nomeado a oitava maravilha do mundo.
É o terceiro parque nacional mais visitado do Chile e, ainda assim, tem apenas 155 mil visitantes ao ano, amantes de trekking, camping, natureza, fotografia, paisagem… Que privilégio foi conhecer esse pedaço de fim de mundo. Isso mesmo! É conhecido assim por estar no extremo sul do Chile, na Região de Magallanes y Antártica Chilena.

Como chegar a Torres del Paine
A partir de Santiago, a rota mais frequente é pelo aeroporto de Punta Arenas (PUQ) – Carlos Ibáñez del Campo (3h30 de voo). No entanto, o aeroporto mais próximo é o de Puerto Natales (PNT) – Teniente Julio Gallardo. A Latam tem voos de Santiago a esse destino apenas durante o verão (a partir de meados de novembro), e não são diários. O aeroporto de Calafate, na Argentina, é outra opção.
Então, chegando em Punta Arenas, a próxima etapa da viagem é ir até Puerto Natales. São três horas ao norte. A cidade é ponto de parada de turistas, além de ser mais barato para hospedagem.
O caminho para chegar lá é a Ruta 9, ou Ruta del Fin del Mundo. A estrada é asfaltada e tem diversos recuos para descanso… e fotos ;-). É um trecho bem bonito.

Depois, de Puerto Natales até o Parque Torres del Paine são cerca de 80 km. A viagem pode levar de 1h30 a 2h30, a depender da condição da estrada ou da rota escolhida. A mais curta e mais usada vai pela Y-290, que não é asfaltada. Há como chegar pela Ruta 9, mas a escolha da melhor via depende de onde ficará hospedado.

Os trechos terrestres podem ser feitos com carro alugado, transfer ou ônibus. Os hotéis em Torres del Paine costumam operar no sistema all inclusive e, nesse caso, seu translado já deve estar incluso também.
Vale a pena alugar carro?

Pontos positivos:
- Economizar tempo para aproveitar mais a viagem, já que não terá de esperar o horário do itinerário de um ônibus ou transfer.
- Meu preferido: planejar seu próprio roteiro, podendo explorar outros locais da região, ao invés de ir apenas para Torres del Paine. Há muito o que se ver!
- Não precisar contratar tarifa all inclusive (bem salgada) nos hotéis, visto que muitos passeios são possíveis de fazer por conta própria de carro. Acaba aumentando a chance de viabilizar a hospedagem no próprio Parque.
- Fazer a rota no seu ritmo e parar dezenas de vezes se quiser tirar fotos. A estrada de Punta Arenas até Puerto Natales tem diversos animais e vistas lindas. Dentro do Parque então, nem se fala…
Pontos negativos:
- Não é barato, mas acaba compensando outros gastos que teria sem o carro. Há muitas pessoas que alugam o carro somente em Puerto Natales, para diminuir o tempo de locação, e, assim, o custo.
- Definitivamente, não é a forma mais segura para viajantes solitários, visto que não há internet, nem muitas pessoas à vista, caso precise pedir assistência.
- As estradas de pedrisco são um risco aos pneus. O meu furou! E o do carro que parou para me ajudar também!
- Precisa se preocupar com o combustível, pois o posto mais próximo do Parque é em Puerto Natales (quase 2 horas de distância).
Conselhos (de quem fez tudo errado e aprendeu):

- Se for locar um carro, o ideal é viajar em grupo para mais segurança e economia.
- Ao menos um passageiro precisa saber trocar pneu. Não tem internet e há poucas pessoas circulando pelas estradas. Conseguir ajuda pode não ser tão rápido.
- Programe seu roteiro para fazer todos os deslocamentos durante o dia. Não faz sentido perder as paisagens, e se de dia já passa pouca gente, imagine o que acontece à noite. Além disso, animais cruzam a pista e a vida selvagem é bem ativa ao escurecer. Também há maior chance de neve. Quanto mais visibilidade, mais linda e segura será a viagem.
- Se puder, invista no aluguel de um carro 4×4, como uma picape.
- Cheque a condição dos pneus antes de retirá-lo na locadora.
- Encha o tanque em Puerto Natales, antes de seguir ao Parque (isso fiz certo!).
- Se você é do tipo aventureiro master e pretende fazer os trekkings longos, melhor usar outro transporte. Economicamente, o carro só vale a pena se não ficar parado.
- Se decidir alugar o carro em Punta Arenas, reserve antes para garantir disponibilidade. Leve em conta que o lugar é pequeno e não tem muitos carros à disposição. No site Rentalcars.com é possível pesquisar e comparar preços. Foi por onde aluguei o meu e deu supercerto.
Qual a melhor época para ir a Torres del Paine
A alta temporada vai de outubro a abril, quando o clima está (um pouco) mais quente. Para fazer os circuitos de trekking do Parque é melhor ir em dias abertos. Quando está nublado, nem dá para ver as montanhas, e as paisagens ficam prejudicadas. Além disso, a depender de condições climáticas, alguns passeios não acontecem e os acessos podem ser bloqueados.
Eu fui no início da primavera, fim de setembro. Dei sorte, pois peguei dia aberto, que rendeu muitas fotos, e também nevou, o que para brasileiros é a cereja do bolo…

O que levar na mala para Torres del Paine
- Kit inverno completo, incluindo luva, gorro, cachecol, segunda pele. Pode ventar bastante no local e esses aparatos ajudam a conter o frio. Leve roupas para vestir em camadas e ir tirando ao longo do dia, se preciso;
- Roupa de banho, se houver estrutura oferecida pelo hotel;
- Sapato confortável, fechado e com sola própria para caminhadas. O ideal é que seja já usado e amaciado (a experiência me ensinou que os novos não funcionam bem em Torres del Paine). Dê preferência a meias de algodão;
- Repelente, curativo adesivo (band-aid), absorvente, remédios de uso contínuo ou frequente. Em Puerto Natales tem farmácia, mas na região do Parque não;
- Garrafa para reposição de água. A água em todos os hotéis que fiquei na região era potável. Inclusive, em Torres del Paine é considerada puríssima;
- Protetor solar/labial e hidratante. O frio resseca bastante a pele e lábios;
- Óculos de sol;
- Pesos chilenos em dinheiro (principalmente para a entrada no Parque);
- Barra de cereal, chocolate, bolacha. Enfim, coisas para beliscar durante o dia;
- Saco plástico para colocar todo o seu lixo;
- Câmera fotográfica com memória vazia, para tirar bastante foto;
- Carregador portátil de celular (com o frio a bateria pode descarregar em minutos e você vai perder a chance de fazer fotos, vídeos, etc.).
Dá para fazer bate e volta a Torres del Paine?
A partir de Puerto Natales, dá sim! Se quiser fazer uma viagem mais econômica, sua base pode ser Puerto Natales. Os hotéis ou as agências turísticas do centrinho, oferecem passeios ao Parque saindo da cidade. É uma opção, principalmente, para os menos aventureiros, como eu, que ficam felizes apenas em explorar a fauna, os mirantes mais básicos e fazer fotos por ali.

No caso de quem tem intenção de fazer trekking (tem vários circuitos e de diferentes durações), o bate e volta fica muito corrido.

Se for por conta própria, programe bem o tempo, pois recorrer o Parque todo pode levar mais de 6 horas.
Apesar do bate e volta ser uma alternativa, ficar hospedado em Torres del Paine (dentro ou fora do Parque), por uma ou duas noites, permite explorar muito melhor. É uma experiência única e que vale cada centavo. Veja o meu roteiro completo, de 6 dias pela região, no post Patagônia Chilena: como é viajar ao fim do mundo.
Acessos e tarifas do Parque
Torres del Paine tem quatro acessos. São as portarias: Sarmiento, Laguna Amarga, Laguna Azul e Río Serrano (sede administrativa).

O melhor acesso depende da localização de sua hospedagem. Ao chegar é necessário fazer registro, preenchendo um formulário e apresentando documentação. A taxa de entrada é paga em dinheiro, na moeda local (lembre de levar dinheiro em espécie).

Se estiver de carro vai receber um mapa do Parque e informações gerais, assim como indicações do que pode ser visto.
O pagamento da entrada lhe dá direito a três dias consecutivos de Parque. Ou seja, pode comprar o ingresso em um dia e voltar ao parque pelos dois dias seguintes também, sem pagar tarifa adicional.
Onde ficar em Torres del Paine
Quanto à localização, há acomodações dentro e fora do Parque. Se for de carro, como não há posto de combustível, quanto menor o deslocamento de ida e volta para o hotel melhor. Depois de conhecer o local, diria que as acomodações à beira do rio Serrano, que ficam praticamente na entrada do Parque, são a melhor opção. Isso porque, estão muito perto e podem ter um valor mais atrativo por estarem fora.
Quanto à hospedagem, muitos dos hotéis operam no sistema all inclusive, ou seja, você paga um dinheirão, mas está tudo incluso: comida, bebida, acomodação, passeios com guias e transfers. Se estiver de carro, essa opção não vale a pena, pois vai gastar em dobro. Aí vale considerar a tarifa bed & breakfast que só inclui o café da manhã! O restante faça por conta, abusando da praticidade do carro.
Precisa fazer conta de acordo com o seu perfil de consumo. O carro me possibilitou poucos extras. Valeu a pena.
Opções de acomodação em Torres del Paine (clique nos links para detalhes)
Fora do Parque:
Patagonia Camp – Tem a proposta de ser um camping de luxo. Os quartos são Yurts, pequenas tendas, muito confortáveis. Oferecem o sistema all inclusive e bed & breakfast. Fica 20 minutos distante da portaria principal do Parque, com deslocamento por estrada sem asfalto na maior parte do percurso. Fiquei hospedada nesse hotel. Veja mais detalhes sobre ele no post Patagônia Chilena: como é viajar ao fim do mundo.

Río Serrano – Excelente localização para quem vai ficar fora do Parque, pois fica pertíssimo da portaria. Recém inaugurou sua área de spa, com uma piscina coberta interessante. Também oferece opção all inclusive e bed & breakfast. Se eu for de novo, vou escolher esse hotel.
Na mesma área, tem outras acomodações como o Pampa Lodge e o Cabañas Lago Tyndall.

Tierra Patagonia Hotel & Spa – uma das opções de luxo. Fica mais para os lados da portaria Sarmiento (mais de uma hora distante da portaria Serrano).
Dentro do Parque:
Hotel Lago Grey – Fica à beira do lago Grey e de frente para a geleira. Dali saem embarcações turísticas que atravessam os 15 km de lago até o glaciar (veja os detalhes desse passeio no post Patagônia Chilena: como é viajar ao fim do mundo).

Hotel Las Torres Patagonia – fica mais próximo da portaria Laguna Amarga. É o local mais próximo das famosas Torres.
Explora Patagonia – opção super luxuosa e bem localizada no Parque.
Hostería Pehoé – fica no meio do Parque, próximo ao Explora, e oferece tarifas que incluem o café da manhã. Ali também tem um restaurante aberto ao público com vistas perfeitas.

O Parque oferece opções mais simples de hospedagem e áreas para camping. Cheque no site oficial https://torresdelpaine.com/ ou no Booking.com.
Onde comer em Torres del Paine
Quem está no sistema all inclusive com certeza deve comer no hotel. Alguns passeios organizados por hotéis ou agências incluem um kit almoço, que é um lanche reforçado.
Dentro do Parque tem algumas poucas cafeterias e dá para comprar um lanche a um preço mais ou menos. Comi um de carne, enorme, por 7.500 pesos (cerca de 40 reais). O restaurante da Hostería Pehoé é aberto ao público, no lago Pehoé.
A opção econômica é fazer compras de alimentos rápidos no supermercado de Puerto Natales. Mas não conte com frigobar, na maioria das hospedagens.
Os passeios em Torres del Paine
Dos hotéis
Funciona assim no geral: há uma reunião diária com os hóspedes, são apresentadas as opções de passeios para o dia seguinte (de acordo com o clima) e a turma elege por consenso ou maioria, duas ou três delas.
Por sua conta
Se estiver de carro, muitos dos passeios são possíveis de fazer por conta e no seu ritmo. Exceção aos trekkings mais longos. Nesses casos não dá, em hipótese alguma, para se aventurar pelo Parque sem orientação de guias experientes.
Partindo de Puerto Natales
Os hotéis e agências de turismo de Puerto Natales oferecem opções para quem fica hospedado na cidade e quer conhecer o Parque. Veja mais no tópico bate e volta ao Parque Torres del Paine.
Preencha o formulário para cotar expedição na Patagônia com a agência FlaviaBia.
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Dados do Parque Torres del Paine
Extensão – 227.298 hectares
Visitantes – 155 mil/ano
Inauguração – 13 de maio de 1.959
Administração – CONAF (Corporação Nacional Florestal)
Para quem curte geologia e quer saber mais a fundo sobre a formação do maciço, aqui vai um link com material explicativo: http://www.parquetorresdelpaine.cl/upload/files/folletos/Triptico_GEOLOGIA.pdf
Fonte: site oficial Parque Torres del Paine
Nossa!!! Viagem de aventura!!! Bem que gostaria de fazer essa viagem!!!
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Belo passeio!!! Excelentes informações!!!
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