O salar de Uyuni, na Bolívia, é o maior do mundo e vem atraindo a atenção de turistas. Seus mais de 10.000 km2 de área branca e plana dão forma a uma paisagem única, que chega ao ápice de sua beleza na época das chuvas, quando o salar está alagado e produz um efeito espelho.

Existem diferentes tipos de roteiro para conhecer o local. O itinerário pode ter início na própria Bolívia, ou no Chile, e os pacotes vão desde o modelo econômico, com quarto e banheiro compartilhados, até aqueles que já incluem todos os serviços de transporte e alimentação, além de acomodações privadas de ótimo padrão.
A escolha do melhor formato vai depender da grana que quiser investir e da disposição para enfrentar os desafios de clima e de pouca estrutura.
Formação de um salar no meio do continente
Esse enorme salar, que tem mais ou menos o tamanho do Líbano ou da Jamaica, está no meio do continente. E não é grandioso apenas na extensão, mas também na profundidade. São 120 metros de sal, superfície abaixo.
Além disso, fica a uma altitude de mais de 3.500 metros. Mas, como assim? Um deserto de sal nas alturas, e onde não tem mar?

Explicando de uma maneira resumida, o salar foi formado há milhões de anos por consequência do choque de placas tectônicas. O fenômeno deu origem à cordilheira dos Andes e aprisionou água do mar no continente. Essa água foi secando ao longo dos anos e deu origem aos salares da região.
Opção de serviço para ir conhecer o salar de Uyuni
Considerando que o trajeto é bem longo, por estradas não asfaltadas, que atravessam áreas desérticas e de clima extremo, eu preferi contratar um serviço que me oferecesse o melhor conforto e segurança, no que diz respeito ao transporte, alimentação e hospedagem.
Fiz uma viagem impecável, em um grupo de 4 pessoas (havia mais um grupo da agência, em outro carro, fazendo roteiro idêntico), com duração de 3 dias e 2 noites. Saímos de San Pedro de Atacama, no Chile, e retornamos ao mesmo local.
É esse o roteiro que vou descrever aqui, no esquema VIP e com tudo incluso. Fiz a viagem sabendo exatamente qual seria meu gasto.
Recomendo reservar a expedição com antecedência, para poder comparar valores e serviços com calma, além de garantir a data. Esse não costuma ser um roteiro com saídas diárias.
Qual a melhor época para ir ao salar de Uyuni
O mês que escolhi foi janeiro, para aumentar a chance de ver o salar alagado, e combinei Uyuni com uns dias prévios no Atacama, o que é bastante recomendável, pois lhe prepara e aclimatiza para enfrentar o ar rarefeito de uma altitude ainda maior, do outro lado da fronteira.
Veja o post contando os passeios que fiz no Atacama antes da expedição ao Uyuni.
Só agendei tudo depois de ver nas redes sociais de agências de turismo, as fotos mostrando que já tinha chovido e que o salar estava espelhado, do jeito que eu queria conhecer. Confesso que se estivesse totalmente seco teria tido uma certa decepção. Não porque não seja bonito seco, é sim (até pela extensão que parece infinita)! Tiramos várias fotos legais na parte seca. Mas… vê-lo alagado é uma experiência surreal. É uma viagem longa, cansativa e eu queria tirar o máximo proveito dela, mesmo sabendo que quando se trata de aspectos climáticos, tudo pode acontecer.
Bom, se por um lado a chuva é necessária e bem-vinda para espelhar o salar, por outro, se não for embora depois de fazer o serviço, pode dar uma micada na viagem. Então, tem que dar sorte. Nós demos! E que sorte! Além do salar estar perfeito, ainda era lua cheia! Definitivamente, vimos um espetáculo da natureza ao pôr do sol.
As estações
A época mais provável de chuvas é no verão, por volta de janeiro a março. Quanto à temperatura, esfriava à noite, mas durante o dia dava para ficar de camiseta. É importante se proteger do sol, pois o ambiente salado e o reflexo no chão branco, criam a condição perfeita para queimaduras indesejadas.
Durante o inverno, de maio a agosto, o frio deve ser intenso e bem desconfortável, pois venta, é um local totalmente aberto e que está acima dos 3.500 metros de altitude. Então, diria que são os meses a evitar.
Como chegar ao Uyuni pelo Chile
O primeiro passo é viajar até Calama, no meu caso, a partir de Santiago. São 2 horas de voo. Comprei a passagem de ida e volta por 19 mil milhas, pela Latam, sem bagagem. Há outras duas companhias que voam de Santiago a Calama, por bons preços. No entanto, nunca as usei: a Sky e a Jetsmart.
Chegando em Calama há opções de transfer até San Pedro de Atacama. Podem ser contratados na hora ou reservados antes pela internet. Melhor sempre reservar antes. O trecho de ida e volta é 20 mil pesos total (cerca de 100 reais). Já usei a Licancabur e a Pampa. Gostei mais da Pampa. Bons motoristas, saíram rápido do aeroporto, foram pontuais na volta e os carros eram novos em ambos os trechos. A viagem dura aproximadamente 1h15.
O percurso de San Pedro de Atacama até o salar de Uyuni leva umas 7 horas sem paradas, em carro privado de agência.
O que levar para Uyuni
Duas coisas a saber:
- A travessia até o Uyuni, geralmente, é feita em carros 4×4 que comportam um número pequeno de pessoas e as malas vão amarradas em cima. É importante levar o mínimo essencial. No nosso caso, foi solicitado que levássemos apenas uma mala pequena e o excedente de bagagem ficou na agência em San Pedro.
- No pacote que contratei, a própria agência nos forneceu os seguintes itens: roupões para paradas com banho, galochas para andar pelo salar alagado, água e garrafa térmica, chá de coca (para amenizar efeitos de altitude), lenço umedecido, lenço de papel, álcool gel, beliscos (como barrinhas de cereal e frutas) para os momentos entre refeições e objetos divertidos para as fotos em perspectiva.

Além dos itens acima é recomendável levar:
Protetor solar potente para corpo e lábios;
Hidratante de corpo e, principalmente, de boca;
Boné ou chapéu;
Óculos de sol;
Remédios rotineiros, especialmente para dor de cabeça e enjoos;
Roupa de banho (caso seu roteiro tenha parada nas termas de Polques);
Chinelo;
Saco plástico para a roupa molhada ou para o papel higiênico usado em banheiro inca;
Bateria extra de celular (temperaturas extremas podem derrubar baterias a zero em poucos minutos. Ficar sem câmera no Uyuni não é legal…).
Roupas
Em relação a vestuário, usamos de tudo em apenas três dias, durante o verão. Desde camisetas, até casacos pesados de frio. No inverno, a temperatura é bastante baixa por conta da altitude, então, fique de olho nas previsões antes de decidir seus essenciais.
Dinheiro
Em nosso pacote estava absolutamente tudo incluso. Só gastamos para comprar artesanatos e, nesse caso, aceitaram pesos chilenos. Mas, se sua viagem não for nesse esquema é necessário levar dinheiro boliviano para pagar ingressos, uso de banheiros pelo caminho, refeições e bebidas.
O comércio boliviano nem sempre aceita outra moeda e, mesmo se aceitar, pode ser que a conversão não compense.
Procedimentos e documentos exigidos na fronteira entre Chile e Bolívia (Hito Cajón)
Horários de funcionamento
Chile: das 8h00 às 20h00 (em situação climática extrema pode fechar mais cedo).
Bolívia: das 8h30 às 16h30.
Saída do Chile
- Passaporte ou RG recente – eu prefiro sempre o passaporte. Acho mais seguro e gosto de colecionar carimbos de diferentes países.
- Registro da PDI – lhe entregam quando você entra no Chile. Cuidado para não perder esse documento. Muitas pessoas jogam fora sem saber que ele é obrigatório para sair do país.
Só pudemos descer do veículo após autorização de um oficial e fomos solicitados a formar uma fila e a ficar em silêncio.
Entrada no Chile
Ao retornar de Uyuni, além dos mesmos documentos apresentados na saída, precisa preencher um formulário de controle agropecuário (o Chile é bastante restrito com a entrada de alimentos não processados e grãos/sementes que possam germinar).
Após o controle de documentação, todas as malas, bolsas e mochilas são abertas e inspecionadas. O procedimento é feito manualmente. Certifique-se de que não esqueceu alguma fruta, por exemplo, no meio de suas coisas. Há alimentos processados que são permitidos, mas, obrigatoriamente, devem ser declarados. Vão lhe pedir para mostrar, e permitir. Se não declarar, na hora que encontrarem podem lhe dar uma multa. Em meu caso, tinha frutas secas, por exemplo. Declarei, eles olharam e deixaram entrar.
Entrada na Bolívia
- Passaporte ou RG recente.
Saída da Bolívia
- Passaporte ou RG recente.
- Formulário de saída – entregam na hora para preenchimento.
Nenhum dos países nos solicitou vacinas.
O roteiro
Dia 1 – fronteira e percurso ao salar de Uyuni
Saímos de San Pedro de Atacama às 7h00. Até a fronteira para saída do Chile são 45 quilômetros, em estrada pavimentada. Essa fronteira abre às 8h00 da manhã. Chegamos antes disso e ficamos esperando abrir. Ainda tinham poucos carros na frente. Mas, quando abriu, às 8h00, já tinha uma fila considerável atrás de nós…

Ao chegarmos na fronteira da Bolívia, após a imigração, a agência serviu um café da manhã bem reforçado e trocamos de carro.


Deixamos a van e fizemos a viagem em um Land Cruiser 4 x 4, confortável para cinco pessoas. No entanto, até pelo porte do carro, não dá para levar muita bagagem.
São longas horas de viagem, sem asfalto, sem posto de gasolina e pelo caminho vi carros com problemas mecânicos ou nos pneus, parados no meio de uma estrada onde quase não passa ninguém, sem sinal de internet (só funcionam rádios), em clima muitas vezes extremo e numa altitude que não ajuda. Então, leve isso em consideração quando escolher a empresa que irá contratar, para não ficar na mão numa situação assim.
Reserva Eduardo Avaroa
Saindo da fronteira, seguimos até a Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa. O caminho rumo a Uyuni atravessa essa espetacular reserva boliviana.
A entrada fica próxima à fronteira e foi também nossa primeira parada para banheiro. O ingresso para estrangeiros custa 150 Bs (cerca de 80 reais), mas já estava incluso no pacote que contratei.

Todas as outras paradas do dia estavam dentro da reserva.
1a parada – laguna Blanca
As cores das lagoas são resultado do tipo de mineral que cada uma delas contém. Nessa, há grande quantidade de bórax.

2a parada – laguna Verde
Essa lagoa fica mais verde se está ventando, por conta do movimento dos minerais na água, mas nesse dia (nessa hora…) não tinha nem uma brisa, então ficou quase sem cor.

3a parada – Deserto de Dalí
É uma parada bem rapidinha para fotos. O local tem esse nome, pois a paisagem lembra um dos quadros de Salvador Dalí. Mas fica longe, então não rendeu fotos muito interessantes.

4a parada – termas de Polques
Aqui fizemos nosso almoço, preparado pela agência. A estrutura é bem simples, mas o visual é muito bonito. O local tem duas piscinas quentes e pudemos curtir a água quentinha por cerca de 15 minutos. Essa parada também tem banheiros. O valor do ingresso foi 10 bs (cerca de 5 reais) e já estava incluso no pacote que contratei.

5a parada – laguna Colorada
É cheia de flamingos e sua água tem o mesmo tom das aves! Quando paramos nesse local ficou frio, começou a ventar muito e, de repente, veio uma chuva de granizos. Foi divertido!

No roteiro de quatro dias há algumas outras paradas nos trajetos de ida e retorno. Não sei o que perdemos, mas o que vimos foi incrível.
Depois de atravessarmos a reserva, a paisagem continuou linda. É um trajeto de natureza intocada, que não dá para cansar de olhar.

O hotel em Colchani
Chegamos a Colchani, povoado mais próximo à entrada do salar, por volta das 21h00. Nos hospedamos no hotel de sal Luna Salada. É lindo, aconchegante e de excelente padrão, com vista para o salar. Imagine ficar hospedado em um lugar com o chão e paredes de sal! Adorei! E quando saímos no dia seguinte, fiquei com gostinho de quero mais…

Para informações sobre o hotel Luna Salada clique aqui.
Há mais acomodações de sal em Colchani. Outro hotel recomendado é o Palácio de Sal. Veja os detalhes aqui.
Dia 2 – o salar
E finalmente chegou o dia de conhecermos o maior salar do mundo!
1a parada – microprocessadora de… sal (claro)!
Foram 5 minutos de carro até o centrinho de Colchani. Na microprocessadora eles explicam como funciona a extração, a separação de sal e resíduos, a secagem, mostram a máquina misturadora de iodo e o processo de embalagem. Tudo bem artesanal. A visita dura cerca de 15 minutos. Achei bem interessante.

No local eles vendem também sais de banho e sais temperados para cozinhar.
2a parada – feirinha de artesanatos
Na verdade, é a mesma parada, pois na própria rua da processadora estão as dezenas de barracas com os artesanatos coloridos da Bolívia. Mesmo sem comprar nada já é uma atração. Adorei andar por ali vendo todas aquelas cores.

3a parada – o deslumbrante salar de Uyuni
É uma imensidão. Os carros levando a “turistada” feliz e impressionada, circulam por cima das placas de sal infinitas, até encontrar uma boa área para ficar.

Primeiro fomos para a parte seca do salar e aquele deserto de sal foi o salão “exclusivo e privativo” de nosso almoço. Gente, tinha até guarda-sol para não fritarmos. O sol do meio-dia é ardido e agressivo, apesar da brisa fresca. Um viva à agência Flavia Bia que pensa em absolutamente todos os detalhes. Me perguntem qual o local mais inusitado em que já almocei na vida… Sim, foi esse.

Enquanto o almoço estava sendo preparado pela querida cholita superchef, Carla (chique né, ter uma cozinheira só para nós, e nos mimando até!), com a ajuda de nosso motorista guia Vlad, nos divertimos tirando fotos em perspectiva. O fotógrafo foi o Martin, motorista guia que estava acompanhando o outro grupo da agência.
Pula que eu pego Out of the bottle
Até a Carlita deixou sua cozinha móvel um pouco de lado para tirar fotos com a gente, vestida como uma autêntica cholita boliviana.

Sobre banheiros…
Há um local dentro do salar (próximo ao totem Dakar), que tem estrutura com banheiro e é onde, geralmente, as agências usam como ponto para servir almoço. A área do Uyuni é enorme. Não dá para ir até lá sempre que preciso. Passamos nos banheiros ao chegar e após o almoço. No restante do dia, só banheiro inca…
Finalizado o almoço e as fotos partimos em busca de uma área alagada do salar para aguardar o pôr do sol.
Se a área seca já era bonita, o que vimos na área alagada do salar de Uyuni foi surreal. É muito impressionante, num tanto que não dá para explicar.

O sol começou a se pôr….

…e surgiu a lua cheia.

Foi espetacular vermos sol e lua frente a frente.

Ficamos ali até anoitecer, quando praticamente todos os carros já tinham deixado o salar.

A agência montou uma mesa de vinhos e beliscos, que foi quase um jantar. Brindamos, comemos e curtimos muito toda a beleza que vimos aquele dia.

Saindo do salar fomos para a cidade de Uyuni.

Chegamos em cerca de meia hora. Jantamos, pernoitamos e tomamos café da manhã no hotel Jardines de Uyuni.
É mais simples do que o hotel de sal, mas de bom padrão, principalmente, se levar em consideração a estrutura da pequena cidade.
Detalhes sobre o hotel Jardines de Uyuni aqui.


Dia 3 – percurso de retorno ao Chile
Saímos às 7h30 do hotel para retornar ao Chile. O percurso teve poucas paradas e a atenção foi grande ao relógio, por conta do horário de fechamento da fronteira boliviana.
1a parada – cemitério de trens
O cemitério fica bem pertinho da cidade. É um terreno com as carcaças de diversos vagões dos primeiros trens da Bolívia, de 1890. Eram usados para transportar minérios para Chile e Argentina. Fizemos fotos lindas!

2a parada – laguna Negra
Fiquei encantada com a geografia do lugar. Muito diferente. Fizemos uma caminhada curta pelo meio do que parece um cânion e depois subimos pelas pedras para ter vista da lagoa.


Ali perto há uma estrutura bem simples, onde a agência serviu nosso almoço. Tinha banheiro, mas era quase inca…
Depois, paramos mais uma vez no caminho para banheiro, no povoado de San Cristobal.
Chegamos a San Pedro de Atacama por volta das 18h00. Curti muito fazer essa viagem no esquema pacote VIP tudo incluso. Foi perrengue zero, apesar da pouca estrutura do local, e pudemos aproveitar muito, sem estresse, tudo o que maravilhosa natureza da Bolívia tem a oferecer.

Solicite informações ou peça orçamento sobre a expedição de Uyuni para a agência FlaviaBia, preenchendo o formulário abaixo.
Fotos espetaculares!!! Informações top!!!!
CurtirCurtido por 1 pessoa