Fazer uma viagem independente para o Atacama não tem complicações. Inclusive, também é um ótimo roteiro àqueles que pretendem viajar sozinhos. No entanto, por ser uma região pouco explorada (ainda bem!), algum planejamento é necessário para que o passeio seja seguro e cheio de diversão.
Como chegar ao Atacama?
O município andino de San Pedro de Atacama fica na região de Antofagasta, no norte do Chile, quase na fronteira com a Bolívia. É ali que está toda a estrutura turística para hospedagem, alimentação e passeios. Pegando um voo no aeroporto de Santiago (SCL) em 2 horas chega-se a Calama (CJC). Viajei de Latam, mas há outras companhias aéreas que fazem o trecho, como a Sky e a Jetsmart. O aeroporto é pequeno e bem organizado.
Traslado para San Pedro
No aeroporto de Calama tem diversos guichês oferecendo serviço de traslado. Escolhi a empresa Trans Licancabur. Para ficar mais tranquila fiz a reserva antes pelo site, mas paguei somente ao chegar lá, 20 mil pesos ida e volta. Custava 12 mil só o trecho de ida. No desembarque já tinha uma pessoa da empresa aguardando com meu nome em uma placa. Fui ao guichê, confirmei os dados, fiz o pagamento e pediram para aguardar os demais passageiros, pois fui a primeira a sair.

Um ônibus pequeno, já um pouco velho, partiu após cerca de 35 minutos. Conversando com outra pessoa que usou o mesmo serviço, disse que não esperou nem 10 minutos e fez o traslado em uma van nova. Apesar do ônibus não ter sido lá essas coisas, a viagem foi tranquila e o motorista deixou os passageiros nas acomodações sem complicação alguma. A viagem dura mais ou menos 1h15.
O retorno para o aeroporto foi melhor. Foram pontualíssimos e me buscaram com uma van ótima. O motorista era muito simpático e chegamos com segurança e tempo de sobra para embarque.
Vale a pena alugar um carro?
Há turistas que preferem alugar carro. Se é a primeira vez que está indo para lá eu arrisco dizer que não é a melhor opção. Em San Pedro nem sempre é bem sinalizado, a polícia local faz controle das estradas, que podem ficar escorregadias com neve, e há diversas regras de preservação a serem seguidas. Fazer os passeios com as agências, acompanhado de guia e motorista que conheçam bem a região, vai lhe dar segurança e garantir que não cometa alguma gafe ambiental. Mas se for sua escolha, melhor dar preferência a um 4×4.
Onde se hospedar?
A resposta para essa pergunta depende muito do tipo de viagem que você pretende fazer e quanto pretende gastar. Em San Pedro de Atacama é possível encontrar desde hotéis muito luxuosos, até acomodações bem simples. As mais comuns são os hostels. Porém, lá considere um hostel mais como uma pousada. Ou seja, não necessariamente vão oferecer quarto ou banheiro compartilhados e podem ter uma estrutura parecida com a de um hotel.
Vamos considerar 3 situações:
1. Quero uma hospedagem de luxo.
Apesar das hospedagens em San Pedro de Atacama terem um estilo rústico, há também hotéis bastante luxuosos como o Explora, o Tierra, o Awasi, o Cumbres e o Alto Atacama. Esse tipo de hotel normalmente fica um pouco afastado do centro, mas oferece traslado até lá.
2. Quero uma hospedagem bem localizada, próxima aos restaurantes e comércio local.
Nesse caso, use a rua Caracoles como referência para sua busca. É onde estão concentrados os restaurantes, bares, farmácias, lojas, agências de turismo, bancos, locadoras de bike, casas de câmbio, etc. Qualquer acomodação por ali vai permitir que você curta a pé tudo o que o pequeno centro tem a oferecer. Durante a noite fica bem movimentado e é uma delícia para bater perna.
Eu fiquei hospedada no Hotel Poblado Kimal, quase na esquina com a Caracoles, e não poderia ter sido melhor. O quarto é um tipo de cabana, super charmosa, com varanda.
A calefação funcionou muito bem, o que é importante, pois esfria bastante à noite no inverno. O chuveiro e a cama eram ótimos e quentinhos. Oferecem café da manhã em um horário possível de conciliar com a saída da maioria dos passeios, e eles tiveram a preocupação de checar comigo todos os dias se eu não precisaria que montassem um lanche para levar, caso a saída do passeio fosse antes das 7h30. A internet também funcionou bem, mesmo no quarto. Tem frigobar, que é um grande diferencial na região. Os funcionários da recepção foram muito atenciosos do começo ao fim, superando minhas expectativas quando precisei de auxílio.
Como cortesia oferecem um drink de boas-vindas, uma garrafa grande de água e deixam à disposição uma estação de chá, inclusive de coca, para aliviar o efeito da altitude.

San Pedro de Atacama fica a 2.400 metros de altitude e alguns dos tours nos levam a até mais do que 4.000 metros.
O ar rarefeito dessa condição pode causar sintomas como dor de cabeça, náuseas, falta de ar e cansaço. O chá de coca é recomendado para minimizar esses sintomas. Por isso é oferecido nos hotéis ou pelas agências durante os passeios, em sachês ou a própria folha. Mas também é possível comprá-lo nos mercados ou feiras do centrinho.
Do outro lado da rua fica o Hotel Kimal, com padrão muito similar. Eu escolhi a versão “Poblado”, pois me encantei pelas cabanas.
Na minha segunda viagem ao Atacama, em janeiro, me hospedei em outros dois hotéis.
O Terrantai Lodge foi um deles. Fica em ótima localização, bem no centro, os quartos e banheiros são novos e charmosos. Ótima estrutura de piscina, bom café da manhã, e o melhor: todos os dias a tarde servem uma degustação de vinhos e queijos, gratuita. Gostei muito do hotel. Desvantagem é que não tem frigobar no quarto, que para mim é importante. E os quartos não são muito espaçosos.
O outro hotel em que me hospedei foi o Altiplanico Atacama. Tem excelentes áreas comuns, com jardins muito lindos, piscina, café da manhã ótimo, quarto e banheiro bem espaçosos. Apesar de bem localizado, fica fora do centro uns 10 minutos caminhando. Sem problemas durante o dia, mas a noite é escuro e vazio. San Pedro é tranquila, mas para mulheres sozinhas não acho uma boa. Não tem frigobar e é um pouco mais antigo. Para quem quer tranquilidade é a melhor opção. Como fica fora do centrinho, é muito silencioso a noite.
3. Quero uma hospedagem econômica a qualquer custo.
Apesar de ser possível encontrar hospedagens econômicas próximas à rua Caracoles, a maioria das opções mais baratas ficam um pouco mais afastadas. Perguntar se a acomodação tem serviço de transfer até o centro pode ser uma boa. As ruas por ali, apesar de seguras, não têm boa iluminação à noite e não têm movimento. No fim do dia é bem frio e durante o dia o sol pode ser escaldante, o que torna a caminhada desanimadora. Me parece que há algum serviço de táxi, mas honestamente eu não vi um sequer.
Pesquise bem antes de escolher. Certifique-se de que o quarto tem uma boa calefação e de que o chuveiro é quente. Diversos turistas que fizeram passeios comigo reclamaram de mal funcionamento da calefação em suas hospedagens, causando desconforto para dormir.
Fazer os passeios com ou sem agência?
Definitivamente, com! Principalmente se for sua primeira visita à região. As agências locais tornam os tours especiais em muitos sentidos.
Primeiro, incontestavelmente, é mais seguro. Há locais de difícil acesso, como o Salar de Tara, por exemplo. Passa longe de ser uma boa ideia se meter em um desertão, sem ruas, placas ou sinal de celular, sem alguém que conheça muito bem cada montinho de areia dali e que consiga se orientar tomando por referência as montanhas dos arredores.

Segundo, você estará em um lugar que parece de outro planeta, com uma natureza tão diferente e tão linda, que vale muito a pena ouvir todas as informações que os guias têm para dar.
Terceiro, as agências servem refeições deliciosas durante os passeios, com vista a paisagens incríveis, muitas vezes ao pôr do sol.

Além de tudo isso existe o fato de que orientam sobre a roupa adequada para cada tour, têm um plano B caso feche algum ponto de turismo no dia (devido a condições climáticas), já conhecem os macetes dos melhores lugares para tirar fotos lindas, do melhor lugar para entrar em cada lagoa, e eu poderia listar aqui mais uma série de motivos.
Reserva dos tours
Reserve seus passeios com antecedência, pois as melhores agências trabalham com grupos pequenos e não fazem todos os roteiros, todos os dias. Se deixar para definir apenas ao chegar lá, corre o risco de não conseguir fazer algum tour que lhe interesse. (veja detalhes sobre tours no post Deserto de Atacama em 4 dias)
Apesar de existirem diversas agências turísticas locais, não aconselho escolher apenas considerando preços. A entrega do serviço é diferente de uma para a outra (mesmo que os roteiros sejam os mesmos). Pesquisar pelos sites que têm avaliações de outros turistas é uma boa. Para minha surpresa descobri que as agências mais recomendadas, são especializadas em brasileiros. Somos muitos por lá!
Usei duas agências: a Flavia Bia e a Araya.
A agência Flavia Bia não é a mais barata, porém eles trabalham com o objetivo de oferecer exclusividade. Isso inclui: roupão nos passeios com água, carros novos, guias e motoristas muito experientes, grupos pequenos, chegada antes de outras agências aos passeios, refeições com produtos especiais como salmão, camarão, vinhos gran reserva, etc. O atendimento é em português. Clique aqui para solicitar um orçamento.
A agência Araya tem custo um pouco mais acessível e entregam um serviço de qualidade, com segurança e pontualidade. Atendimento para reserva dos tours é em português, os grupos são pequenos, e também tiveram a preocupação de chegar antes de outros grupos no passeio que fiz com eles. O roteiro com as informações do tour estava muito bem organizado.
Dicas rápidas:
Há possibilidade de um ou outro passeio que você queira, não estar disponível em suas datas de viagem na agência escolhida. Então, selecione ao menos duas, assim você poderá montar seu roteiro de acordo com as suas preferências de passeios, e não de acordo com o que tem disponível na programação de uma agência específica.
Muitas agências não oferecem água fora dos horários de refeição, então é muito importante levar sua garrafa (veja outras dicas em O que colocar na mala para o deserto de Atacama).
Não faça previsão de seus gastos apenas contabilizando o valor dos tours, pois eles não incluem os tickets de ingresso aos parques. Você vai precisar de moeda local para pagar essas entradas em dinheiro. Na rua Caracoles e proximidades tem casas de câmbio, mas a cotação não é das melhores.
Boa viagem!
Boas dicas! Ja estou pensando em marcar uma data!
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